O Tribunal de Justiça de São Paulo determinou na quinta-feira 6 de fevereiro, que o Centro Espiritualista de Umbanda (CEU) Estrela Guia continue suas atividades no imóvel que ocupa, no bairro da Saúde, Zona Sul de São Paulo. O desembargador Marcondes D’Angelo negou o recurso de despejo pedido pelos proprietários do imóvel.

Por Bárbara Muniz Vieira, G1 SP São Paulo 06/02/2020 18h24

A justificativa dos donos do imóvel era a de que a umbanda não seria religião e por isso não seria beneficiada pela Lei do Inquilinato, que prevê que hospitais, escolas e entidades religiosas registradas com essa finalidade tenham proteção da lei contra o despejo (entenda o caso a seguir).

Dia 6, filhos e pais de santo que frequentam o terreiro de umbanda em questão fizeram uma gira (ritual religioso) em frente ao Fórum João Mendes, na Liberdade, região central da capital, enquanto acontecia a audiência que terminou com a decisão favorável ao centro religioso. Todos vestiam branco, como é de praxe nesse tipo de ritual.

A dirigente espiritual do CEU, Mãe Kelly De Angelis, assistiu à audiência e comemorou a decisão judicial.

“Quem ganhou esta causa não foi só o Instituto CEU Estrela Guia, mas foram as religiões afro em geral e especialmente a umbanda. Não queremos ficar por muito tempo em um lugar em que não somos benquistos, mas não vamos parar os trabalhos, porque é isso que querem. Vamos dar continuidade aos trabalhos para que não se interrompa esse ponto de luz devido a mesquinhez e negligência dessas pessoas”, afirma.

O CEU Estrela Guia realiza, além das giras de atendimento ao público, cursos de teologia e desenvolvimento mediúnico e desenvolve ações sociais que, em 2019, foram responsáveis por distribuir mais de 15 toneladas de alimentos para pessoas em situação de rua.

A audiência em segunda instância acontece uma semana depois do centro religioso ter sido atacado duas vezes.

Em 28 de janeiro, o local foi invadido e cabos de energia foram cortados. Um único fio conectado a 750w foi deixado escondido atrás de um vaso de plantas. De acordo com testemunhas, os bombeiros se recusaram a retirar o cabo e técnicos disseram que tocar nele poderia matar alguém na hora. Não havia sinal de arrombamento no local. Um boletim de ocorrência foi registrado no 16º DP (Vila Clementino).

Na madrugada de sexta-feira (31 de janeiro), o centro religioso foi invadido novamente. De acordo com um novo boletim de ocorrência registrado, foram arrancadas as câmeras de segurança, a caixa de fiação e os cabos do portão automático.

“A gente sentiu uma dor tão grande. Deixaram um cabo de alta tensão que podia matar alguém, isso é criminoso. Temos crianças aqui dentro. Quem fez isso tinha intenção não somente de destruir nossa imagem, mas de toda a religião. Vários técnicos falaram que era um cabo de 750w e que um choque seria fatal”, afirmou Mãe Kelly ao G1.

Fonte:

https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2020/02/06/tribunal-de-justica-de-sp-determina-que-terreiro-de-umbanda-continue-em-imovel-na-zona-sul.ghtml

 

 

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