Estamos no século XXI, com nossos celulares, carros automáticos, Wi-Fi, televisão inteligente de muitas e tantas polegadas e computadores com resfriamento de alta tecnologia. Sem tempo para dois segundos de demora no carregamento de uma tela
ou para escutar barulhos que não sejam os do fone de ouvido altíssimo. Sem tempo para pensar em como o progresso tem afastado a natureza de nós e como nossa essência esvai-se a cada rejeição de contato com uma folha sequer que seja.
Caboclos já foram como nós, seja nesta época ou em outra, cheios de seus próprios afazeres e apetrechos, afinal, são seres humanos. E vem ao nosso encontro para nos alertar, através de seu arquétipo, sobre a gravidade deste erro. Quando ele dá seu brado, bate no peito, usa das ervas e vegetais no seu trabalho, caminham descalços, reverenciando Tupã e as Divindades
das matas, está nos dizendo em claro e bom tom: “não tenho que ignorar a minha casa, minha natureza, para fazer um bom trabalho”. Por que então nós temos?
De modo nenhum se está sendo imposto aqui que largue seus aparelhos e vá viver na mata, todavia deixar-se ser carregado pelo achismo ilusório que preenche tantas mentes com ideias irreais sobre a a falta de importância da fauna e flora é, honestamente, sabotar a si mesmo e às próximas gerações. Valorizar o presente que nossos antepassados deram a nós é mais que um ato obrigatório; é a demonstração máxima de amor e empatia pelos índios que aqui
morreram para proteger essas terras. É responder aos Caboclos: “e eu vou fazer um bom trabalho respeitando e continuando a cuidar da sua casa, da sua natureza, meu pai!”
Alan Barbieri
Sacerdote Umbandista do
Templo Escola Casa de Lei
Alan Barbieri
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