A relevância da presença do cambone nos trabalhos mediúnicos é, por diversas vezes, completamente subestimada. Médiuns de “nariz empinado“ os veem como assistentes, serviçais ou empregados submissos dignos de tratamento rude; barbarizam um dos principais sustentadores da corrente mediúnica na esperança de serem enxergados pelo “público“ como mais especiais e valorosos. Por este e outros motivos é imprescindível que o indivíduo que está a cambonar tenha fibra moral, fé, equilíbrio emocional e confiança em seu trabalho.
A responsabilidade de ser um interpretador de mensagens, organizador atento à dinâmica e vocalizador dos procedimentos pertence integralmente ao indivíduo desincorporado que assiste e auxilia o Guia durante as consultas. Também cabe a ele observar e comunicar qualquer que seja a controvérsia testemunhada para que haja um deslocamento em direção à solução do conflito imediatamente – em nenhum momento ser conivente com cenários contrários aos princípios da casa que participa garante que os “pontos cegos“ dos terreiros sejam, aos poucos, extintos.
Embora alguns considerem que ser cambone é o mesmo que atestar inexperiência para incorporar e dar consultas, não há cargo mais significativo do que esse, pois abre as portas do conhecimento maleável e mutável a partir de visões diferentes daquela defendida pelo médium. É a oportunidade ideal para aguçar e/ou construir o senso crítico que forma a base moral exclusiva de cada umbandista sem ter de, obrigatoriamente, passar pelas experiências ali relatadas.
Com tamanha incumbência é esperado dos encarregados comportamento impecável em relação aos Guias incorporados por seus colegas, amigos, dirigentes, desafetos e/ou familiares. Ignorar um pedido, ser desagradável e desrespeitoso, interromper o diálogo, ter a atenção dispersa e demonstrar descontentamento são apenas alguns exemplos de absurdos que revelam a falta de preparação como ser humano do filho de santo. Assim como – e até mais que – os encarnados, os espíritos de luz de Umbanda merecem estima, educação e o melhor que tiver a oferecer.
Um bom cambone comporta-se de modo atencioso e cortês do momento em que vai ao encontro do consulente até o instante em que despede da entidade no final do encontro. Ele a todo momento estará à disposição para buscar itens solicitados, transmitir recados, ajudar em preparos e o que mais for requisitado; sem pestanejar. O sorriso sincero faz parte de seu modo de expressar a alegria que sente por estar no terreiro.
A perfeição e a “ascensão” em tempo algum são visadas porque ambos os objetivos têm importância mínima quando comparados com a felicidade genuína por ser útil à espiritualidade em seus propósitos benevolentes.
É da ética desses servidores do divino assegurar o bem-estar da assistência e nunca quebrar o sigilo entre o consulente e a casa – independente da ocasião que levaria a tal decisão. Um bom cambone sempre guarda os ensinamentos absorvidos e aplica-os em sua vida pessoal e futuras consultas.
Alan Barbieri
Sacerdote Umbandista do Templo Escola Casa de Lei
Alan Barbieri
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