Agosto 2018
O maior desafio de escrever sobre as ervas é passar para o papel, transformar em palavras, o sentimento que aflora ao manipulá-las.
Sabemos que no contexto religioso há regras para essa manipulação. O preparo dos banhos e defumações requer ligação a esse contexto e respeito às essas regras.
No entanto, as ervas estão a disposição dos que se conduzem pelo amor e bom senso. Respondem ao propósito do seu manipulador e colocam-se como poder realizador na vida humana.
Chás e preparos terapêuticos tem encantado a humanidade desde que o mundo é mundo. Dos egípcios aos gregos, dos orientais aos africanos, temos herdado o conhecimento de forma empírica, no boca a boca e temos usado as ervas muitas vezes respeitando dogmas que não são da religião que praticamos.
Identificar a relação Erva x Orixá é uma arte e os grandes artistas tem contribuído significativamente para nossa cultura. É importante lembrarmos que o que vale nessa identificação é o ponto de vista.
A partir do ponto de vista é que se estabelece essa relação. Se o manipulador, em seu contexto religioso não cultua nossa amada Mãe Orixá Egunitá (ou Oroiná), como ele poderia identificar uma erva ligada a essa mãe?
Muito da identificação das ervas passou pelo crivo do bom senso, cultura, ponto de vista, conhecimentos, habilidades e atitudes dos seus identificadores.
Uma erva que foi usada em seu aspecto negativo para paralisar a evolução de alguém, naturalmente pode ser associada erroneamente a Exu, pois a ele se atribuem todos os aspectos negativos dos seus evocadores humanos. No entanto essa erva pode pertencer a um Orixá de magnetismo positivo, a Pai Oxalá por exemplo, e ser manipulada por Exu apenas em seus aspecto negativo. Isso é mais comum do que imaginamos.
Associar, atribuir e definir uma erva como sendo de Exu, Pomba Gira ou Mirins, é no mínimo passível de analise mais profunda, pois esses Mistérios Divinos respondem pelos aspectos (magnéticos) negativos de toda a criação.
Podemos sim associar ervas a essas entidades, e defini-las como “preferenciais”.
Essa preferência se dá principalmente pela velocidade que responde em sua ativação. Existem ervas que respondem mais ou menos rápido, dependendo do Orixá, linha de trabalho ou melhor, a energia de propósito a qual é submetida.
Vou dar um exemplo: a rosa branca é atribuída a Oxalá, tradicionalmente, certo?
Todas as rosas são de Oxum. O que define seu melhor (ou mais rápido) envolvimento vibratório é o pigmento contido em suas pétalas, que indicam seu campo energético de ação, resumindo, seu Orixá.
Então temos, rosa branca é de Oxum e de Oxalá.
Por definição, oferendamos também Mãe Iemanjá com rosas brancas. Mas nós não podemos dizer categoricamente que as rosas brancas são de Iemanjá, mas ela “aceita” essa oferenda, assim como caboclos, pretos velhos e crianças aceitam rosas brancas em seus fundamentos e oferendas.
Podemos então concluir, a partir do nosso ponto de vista e bom senso que, as rosas brancas são de Oxalá quando oferendadas a Oxalá; de Iemanjá quando oferendadas a Oxalá, e a Oxum e Oxalá por definição energética.
Assim funciona uma erva de Exu. Sendo o manipulador dos aspectos energo-magneticos negativos dos elementos, poderia até manipular uma rosa branca. Mas a velocidade que essa rosa responderia iria contra os propósitos de Exu.
Já a rosa vermelha é exatamente igual. Pertence a Oxum por definição, manipulada por Pomba Gira em seu aspecto “estimulador”, mas pode ser associada também às vibrações ígneas.
Pomba Gira tira das rosas vermelhas em velocidade incrível aquilo que precisa para seus trabalhos no plano material. Sendo assim, associação natural de rosa vermelha com Pombagira está corretíssima.
Mas podemos oferendar Mãe Oxum e outras Mães Orixás com rosas vermelhas, ok.
Vamos dar algumas ervas preferenciais dessas vibrações à esquerda:
Srs. Exus
Ervas preferenciais:
Casca de alho, casca de cebola, açoita cavalo, dandá, pinhão roxo, entre muitas outras.
Verbos atuantes:
Vitalizar, desvitalizar, escurecer, sufocar, extinguir, arrastar, atrofiar, separar, dividir, cair, cobrar, convencer, obstruir, tapar, entre muitos outros.
Sras. Pombagiras
Ervas preferenciais:
Patchouly, malva rosa, rosa vermelha, canela, amora, hibisco, pitanga, entre muitas outras
Verbos atuantes:
Estimular, desestimular, desenvolver, alegrar, esterilizar, excitar, entre muitos outros.
Srs. Exus Mirins
Ervas preferenciais:
Casca de alho, casca de cebola, carapiá, laranja seca, limão, açoita cavalo, dandá, pinhão roxo, entre muitas outras.
Verbos atuantes:
Ganhar, ocultar, complicar, descomplicar, desenrolar, entre muitos outros.
Não vamos aqui limitar a atuação desses Mistérios Divinos, apenas pontuar alguns elementos que são adequados a sua vibração, em velocidade e tempo de resposta.
Nos números anteriores do JUS, onde publicamos as fichas de ervas e orixás, em cada orixá colocamos elementos de fixação à esquerda, que são os elementos preferenciais para assentamento e firmeza dessas vibrações ligadas a seus pares orixás á direita.
É isso, leiam e releiam esse texto e compreendam nas linhas e entrelinhas o uso das ervas para nossos amados Exus, Pombas Giras, e Mirins.
Que Eles, em nome de Nosso Pai Criador, possam nos abençoar em vitalidade, estimulo e ganho verdadeiro.
Sucesso, saúde e muita alegria a todos!
Adriano Camargo Erveiro
adriano@ervasdajurema.com.br