A tecnologia tem avançado espantosamente. Coisas que há dez anos atrás pareciam impossíveis estão ao nosso alcance.
Inteligências artificiais interagem no lugar dos seres humanos, e a previsão é que dentro de alguns anos os robôs ocupem milhões de empregos.
Parece que os filmes de ficção que assistimos no passado eram proféticos, pois estão se tornando realidade.
Mas nós, os seres humanos, infelizmente não evoluímos na mesma proporção e com a mesma rapidez que a tecnologia.
O número de igrejas cresce a cada dia. Porém, tais quais os robôs tecnológicos, os seres humanos vagam por elas como que por obrigação, sem saber o que procuram, sem encontrar o que precisam.
O que é Divino não se aprende, se sente. A experiência com o Sagrado só acontece no campo espiritual.
Com tantas facilidades, temos a falsa impressão de que nada nos falta. Ninguém consegue sequer imaginar viver sem celular, mas não se preocupa em agradecer o ar que respira.
A vida nas redes sociais não passa de uma grande mentira. O sucesso, a felicidade e a prosperidade aparente escondem vidas vazias e sem encantos…
Aplicativos trazem encontros fugazes, entre pessoas que não se conhecem; o amor é rápido, interesseiro, leviano.
Uma significativa parcela da população tem procurado cursos esotéricos, terapias alternativas, etc, e isso é bom, mas deveriam apenas ser facilitadores da nossa conexão com nosso eu interior, e não a única forma de alcançá-lo.
Pela nossa natureza congregadora, precisamos estar reunidos com outras pessoas em torno de uma crença em comum, mas o olhar pra dentro é individual. Antes de ouvir qualquer guru, pastor ou pai-de-santo, temos que ouvir nossa voz interna, essa sim vem diretamente de Deus.
Uma mentira repetida um milhão de vezes nunca vai se tornar uma verdade, então porque insistimos em fingir que está tudo bem?
Está tudo bem porque aqui não tem guerra, porque não estou desempregado, porque meus filhos estão bem, porque não é alguém que eu amo que está doente, porque não foi meu ente querido que morreu, porque não tenho que fugir pra outro país porque a terra que eu amo não me dá condições de viver com dignidade…
Está tudo bem porque o genocídio é bem longe, porque aqui eu tenho liberdade pra escolher a religião que eu quiser, porque eu posso estudar…
Na era da tecnologia, a dor e o sofrimento continuam a ser aceitos, e alguém pode perguntar: Mãe Valéria, o que podemos fazer?
– Podemos nos importar, eu respondo. Quando está tudo bem pra nós, está ruim pra alguém; então, em suas orações, agradeça por você e peça pelos outros.
E não desanime pensando que uma andorinha sozinha não faz verão.
Jesus, o Verbo que se fez carne, foi um homem comum. Nasceu filho de carpinteiro, andou com todo tipo de gente, bebeu vinho, combateu os hipócritas, mas mudou o mundo.
Confio quando ele diz que somos deuses. Uma gota de água salgada não deixa de ser oceano. Assim somos nós, fomos criados da perfeição, da plenitude, somos centelhas Dele, do nosso Pai Celestial, e não acreditamos no que somos capazes de fazer.
Alguém disse que, para que o mal prevaleça, basta que o bem cruze os braços. Tudo o que acontece no universo, afeta a cada um de nós, estamos conectados.
Não existe “eles”, só existe nós. Fingir que não temos responsabilidade sobre tudo o que acontece no nosso planeta nos torna mornos. E os mornos são dispensados tanto pela luz quanto pelas trevas.
O que a espiritualidade pede, é que cada um melhore a si mesmo. Parece pouco, mas é muito. Deixe pra trás velhos dogmas, picuinhas, fofocas, tudo o que for pequeno e não traz nada de bom.
Viva aquilo que prega, espalhe amor, harmonia, esperança. Seja motivo de orgulho pra si mesmo. Faça o bem, não pra equilibrar o carma, mas porque é o que uma pessoa boa tem pra oferecer.
Pra quem compreendeu a importância de servir, sem qualquer interesse, ao próximo e a Deus, o tempo é agora, então faça acontecer.
O futuro pode ser um fantasma, ou época de boa colheita, você decide, Axé!