O telefone toca, é uma pessoa de Goiás, procurando um terreiro em Atibaia…segundo ele, o irmão, que mora em Atibaia, tem um “trabalho” feito contra ele, tem câncer, e precisa de um terreiro para desfazer.
Eu pergunto à pessoa que ligou, quem disse que tem trabalho feito. Ele responde que foi um amigo. Eu pergunto se esse amigo é pai-de-santo, ele responde que não, mas que esse amigo já foi da Umbanda…
Outra pessoa me diz que fulana viu seu Orixá de cabeça através das cartas de baralho.
Outro me diz que conheceu uma mãe-de-santo num churrasco, e que ela viu o Xangô dele, e ele queria oferenda.
Uma outra, cheia de dúvidas, porque uma mãe-de-santo disse que Iansã e Oxum estavam brigando pela cabeça dela…
Há quem diga que, na balada, a pomba-gira não pode ver uma bebida que já “encosta”, ou virou alcoólatra porque carrega Zé Pelintra.
Conheço alguém que perdeu uma “amiga” porque a “pomba-gira” da mãe-de-santo ligou (você não leu errado!), para dizer mentiras sobre ela, e a amiga acreditou, lógico.
Gente se dizendo pai ou mãe, reunindo amigos em casa, sem nenhum preparo, fundamento ou firmeza, se aproveitando da boa fé das pessoas, induzindo a erro, e maculando nossa amada e sagrada Umbanda.
Num desses casos, o Exu da amiga disse que se a moça deixasse de ajudar nos trabalhos ia acabar com a vida dela. Uma pessoa vem na gira, e diz que em outro terreiro disseram que tem um egum com ela, e eu pergunto: se realmente tem, por que não tiraram? Os leigos, e também muitos umbandistas, cujas referências são completamente equivocadas, acham tudo normal, até o dia que acordam e percebem que foram enganados e iludidos…
O pior é quando perdem a fé, e passam a divulgar que a Umbanda não presta, quando na verdade a Umbanda nada tem a ver com isso. Desculpem a dureza das palavras, mas não tem como ser suave diante de tantos absurdos.
Nenhuma das situações que eu citei, situações reais que chegaram até mim no terreiro, têm a ver com caridade ou ajuda ao próximo. A Umbanda está sendo distorcida em sua essência, em seu objetivo.
Fico me perguntando porquê uma pomba-gira “vai na balada” pra se divertir, mas uma preta-velha não incorpora pra benzer as pessoas…será porque as pessoas querem “soltar a franga”, como se diz, e se esconder atrás das entidades?
Assim como muitos não tem coragem de resolver seus problemas pessoais e vem a “entidade” defendê-los, discutindo e agredindo inclusive, como se não tivesse mais o que fazer. Essas coisas entristecem aqueles que reconhecem a honra que é poder compartilhar a vida com um ser de luz, como são as entidades de Umbanda.
Eles passam por muitas camadas pra chegarem até nós, e jamais viriam aqui pra agir com mesquinhez, ou perder tempo com questões dos egos humanos.
Quando as pessoas, umbandistas e consulentes, finalmente entenderem porquê os guias estão aqui, ao invés de consultá-los sobre questões corriqueiras, estando diante deles, perguntarão:
– Como faço pra ser uma pessoa melhor?
– Me explique as leis que regem minha existência, pra que eu possa viver de acordo com elas, e evitar tanto sofrimento?
– Como posso ser um médium melhor?
– Como faço pra me conectar com o Divino, de modo que eu e Ele sejamos Um?
Entre outras coisas, essas são questões que, se respondidas e praticadas, mudariam a vidas das pessoas pra melhor, sem dúvida. Não se pode evoluir ou até mesmo ascensionar sem estudo, comprometimento, trabalho e dedicação.
Por favor, médiuns de Umbanda, parem de perder tempo praticando uma religião da qual vocês só conhecem o nome. A Umbanda é dinâmica, interativa, sagrada, cheias de bênçãos e mistérios, e quem não consegue alcançar isto nunca será um Umbandista completo. Não basta entrar para a Umbanda; a Umbanda tem que entrar em você! E preencher todos os espaços vazios com a plenitude de nosso Pai Olorum, o Único que pode nos prover de tudo que nós precisamos,
Axé!
Terreiro de Umbanda
Pai Oxóssi, Caboclo 7 Flechas
e Mestre Zé Pilintra
Críticas e sugestões:
t.u.paioxossi@hotmail.com
Fone: (011) 96375-7587