Fórum Inter-religioso de Santo André
Convidamos a todos para o Fórum Inter-Religioso de Santo André
Data: 14 de junho de 2018
Local: Auditório Municipal Heleny Gariba
Rua Delfim Moreira – Centro – Santo André/SP
Horários:
14h – Abertura da ante-sala do Teatro. Apresentações diversas e rodas de conversas sobre religião x responsabilidade social;
19h – Abertura do Teatro para acomodação do público;
20h – Início do evento.
Este Fórum foi criado em 2013 para, além de ser um espaço para o diálogo inter-religioso, ter por finalidade a efetivação de políticas de Direitos Humanos em nossa cidade.
Nestes cinco anos de atividades o Fórum mantém reuniões regulares e a cada ano organiza um evento público visando: o diálogo comunitário em busca da ética, da fraternidade, da justiça e da paz, a promoção dos direitos humanos e a preservação do meio ambiente.
Em 2008 foi criado neste município o Fórum Andreense de Direitos Humanos e Cultura da Paz sendo uma das suas ações a implantação do “Poste da Paz” – quando foi lembrado o Dia Internacional da Tolerância.
O Projeto Mundial “Postes da Paz” foi idealizado em 1955 no Japão pelo poeta e filósofo Masahisa Goi, em razão do lançamento das bombas atômicas que destruíram Hiroshima e Nagasaki. A finalidade do monumento é tornar-se um ponto de convergência para o encontro de pessoas e grupos, podendo ser erigido em parques, igrejas, entidades, jardins, escolas e espaços comunitários. Atualmente mais de 160 países possuem o monumento. Seu lema é “Que a Paz prevaleça na terra.”
Além disso, não poderia deixar de mencionar a brilhante e histórica vitória da ação movida (através dos advogados dr. Hédio Silva Júnior, dr. Antonio Basílio Filho e dr. Jader Freire Macedo Júnior) contra a Rede Record de televisão, devido ao explícito discurso de ódio contra as religiões afro-brasileiras, que chamamos de Direito de Resposta.
Com a presença de 150 lideranças no TRF3 Dr. Hédio, fez uma explanação brilhante deixando todos emocionados e orgulhosos.
Reproduzo abaixo, alguns dos trechos que, na minha opinião, são primorosos:
[Qualquer homem ou mulher que evocar os espíritos ou fizer adivinhações, será morto. Serão apedrejados e levarão sua culpa (Levídico, capítulo 20, versículo27.)
As ofensas, a linguagem ultrajante, a discriminação de brasileiros em razão da crença, conforme demonstrado adiante, seriam então “justificadas” por substrato bíblico deste jaez, resultando em condutas candidamente descritas pelas apelantes como “regular exercício de direito de culto e de crença”.
As mesmas razões recursais, alias, indicam o alvo exclusivo do discurso injurioso e portador de ódio, maldisfarçado pelo uso da metonímia “mães e pais de encosto” para designar “mães e pais de santo”, denominação popular das sacerdotisas e sacerdotes afro-brasileiros (…)
(…) Igualmente relevante é o levantamento feito pela Agência Nacional do Cinema – ANCINE, autarquia vinculada ao Ministério da Cultura, Segundo o qual em 2016 os programas religiosos ocuparam 21% da grade das TVs abertas no Brasil, figurando como principal gênero, à frente dos telejornais, series, variedades e telecompras (doc. anexo). No caso da Rede Record, esse tipo de programa ocupa 21,75% de sua grade.
Parte majoritária deste tempo destina-se ao discurso de ódio religioso, que atribui aos “espíritos do mal”, à macumbaria, às divindades afro-brasileiras a responsabilidade pela existência de todas as mazelas sociais, incluindo a pobreza, desemprego, criminalidade, enfermidades físicas e mentais, drogas, desestruturação familiar, vícios, infortúnios, dengue, zika virus, etc.
O resultado deste narrativa é o apedrejamento de crianças nas ruas, a profanação de templos e símbolos religiosos, violência pura e simples contra fiéis das religiões afro-brasileiras.
Telespectadores dessas emissoras são induzidos a acreditar que se atacarem os fiéis ou destruírem templos religiosos afro-brasileiros terão seu emprego de volta, acesso à casa própria, carros de luxo, etc.
Expressões como “encosto”, “demônios”, “espíritos imundos”, “pai de encosto”, “mãe de encosto”, “bruxaria”, “feitiçaria”, “sessão de descarrego”, etc., são intercaladas com o uso do vocábulo macumba, traduzindo o emprego de metáforas que não disfarçam o endereçamento das ofensas: as confissões religiosas de matriz Africana.
A mensagem é cristalina, induvidosa, inequívoca. Induz o telespectador a concluir que os fiéis das religiões de matriz africana são os responsáveis por todos os males das humanidade, associando-os a um comportamento supostamente desviante, ilícito, criminoso, moral e eticamente condenável.
A violência simbólica, verbal, induz, incita e justifica a violência física, exercida em nome do misericordioso propósito de salvar almas.
É funesta, a propósito, a semelhança entre a narrativa de ódio religioso e a propaganda nazista contra o povo judeu, que culpabilizava-o por todos os males da Alemanha hitleriana.
É oportuno lembrar que a história da humanidade é repleta de tragédias decorrentes do ódio religioso, a exemplo das guerras, terrorismo, genocídios, massacres, estupros em massa e outras atrocidades, razão pela qual urge um pronunciamento judicial que restabeleça a força normativa da Constituição Federal e da legislação que rege matéria.
Estes foram apenas dois trechos de toda arguição do Dr. Hédio, tendo como consequência a votação unânime dos juízes em nosso favor. Um deles lembrou do “dia muito triste” (após revelar ser católico) em que o ex-bispo da Igreja Universal – Sérgio von Helde, chutou uma imagem de Nossa Senhora Aparecida no programa matutino Despertar da Fé, transmitido pela Rede Record, justamente no dia 12 de outubro, quando os católicos comemoram o dia da Santa que consideram a Padroeira do Brasil.
Finalizando, digo que o dia 05 de abril de 2018 foi um dia histórico para as religiões de matriz africana; um dia que sempre será lembrado pela ousadia de Inhaçã, pela irreverência e bravura de Ogum, pela justiça de Xangô e finalmente, pela sabedoria e razão de Oxalá, que através de suas boas energias, despertam sentimentos de espiritualidade e fé expulsando todo ódio e desunião, afim de prevalecer a comunhão, e que o sentimento de irmandade nos una – como irmãos que somos na fé – nesse mundo físico instável e desagregador.
Parabéns aos doutores responsáveis, parabéns à comunidade afro-brasileira, parabéns aos juízes, parabéns ao CEERT (Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdade), parabéns ao INTECAB (Instituto Nacional da Tradição e Cultura Afro-Brasileira) e a todos envolvivos nesse processo longo, árduo… mas vitorioso!
Meu saravá fraterno a todos e até a próxima edição.
Babalaô Ronaldo Linares
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abril de 2018