Salve sagrados irmãozinhos em Mamãe Natureza, salve sagrados guardiões do conhecimento natural. Isso mesmo, cada umbandista é um guardião do conhecimento natural. Umbanda é religião, do bem, para o bem, e naturalmente os seus religiosos praticantes são atraídos a ela para que desenvolvam seus sentidos, num momento inconsciente, para a consciência no bem.

Quando nos referimos de forma direta ao “bem”, sabemos que a definição é exponencial e variável, pois cada um tem um ponto de vista de acordo com seu momento e crescimento, portanto, o bem (ou poderíamos apontar aqui a própria felicidade), para quem está faminto, tanto pode ser um prato de comida para se saciar na rua, ou uma mesa posta no conforto da sua casa.

A Umbanda nos oferece a porta do conhecimento como rota, como caminho evolutivo. Guardar esse conhecimento não é escondê-lo, mas sim protegê-lo para que não seja deteriorado pela ilusão das facilidades e do encurtamento da responsabilidade.

Umbanda como religião da natureza não se define apenas como religião da natureza de elementos, mas principalmente da natureza humana.

Prova disso é a presença do arquétipo, do tipo humano, tipo físico e social presentes nas manifestações das linhas de trabalho e seus guias, e no sincretismo adaptado, assim como na humanização das divindades, ou seja, a atribuição de feições humanas às “coisas divinas” as quais precisamos de parâmetros para explicar.

Guardar o conhecimento para que tenha estabilidade, para que perdure no tempo, para que se mantenha vivo e atualizável, mas não descartável.

O contato com o conhecimento da religião é teórico, prático, empírico, familiar, por necessidade, por curiosidade, enfim, diversos caminhos que vão dando forma a um conceito umbandista, alinhavado dentro e fora do terreiro.

Hoje, muitos cursos falam de umbanda, muitos workshops sobre temas umbandistas são realidade no nosso meio, e tudo é valido, afinal, com tudo se pode aprender, até o que não se deve fazer e repetir, e isso é aprendizado.

E porque os Mestres Espirituais responsáveis pela religião permitem essa vastidão de informações que surgiram nos últimos vinte anos e que aumentam a cada dia?

Pois bem, porque a religião e seus religiosos aprendem com os mais sábios; orientam os menos esclarecidos e a nenhum rejeita, mesmo que depois da sua passagem pela religião, saiam dizendo que aqui não foram felizes.

Umbanda ainda é amor e caridade, ainda é o brado do Caboclo, ainda é o Preto Velho no toco, ainda é a fumo e a bebida ritualística, ainda é a defumação, a pemba e a toalha, o bate-cabeça, ainda é Exu e Pombagira de preto e preto-vermelho gargalhando, ainda é e sempre será, pois senão não será Umbanda.

Aceitar novos conhecimentos para manter-se viva é trabalho de todas as religiões, senão não surgiriam novos “pastores” com fórmulas diferenciadas para pregar a mesma palavra escrita e manter acesa a chama bíblica.

Guardar nosso conhecimento é fazer com que práticas naturais não se percam: os amacis, banhos na natureza (praia, cachoeira), as oferendas, a beleza das manifestações naturais. Guardar os pontos e toques antigos de Umbanda, aqueles que não se preocupavam com festivais, mas com a chegada do guia em terra.

Nossos guias nos inspiram a estudar, a buscar o conhecimento, e o divino coloca esse conhecimento a disposição, através do trabalho sério, disciplinado e dedicado de alguns de nós.

Guardar o conhecimento também e ter o bom senso nessa busca. Separar o joio do trigo como disse o mestre, e colocar cada coisa no seu devido lugar.

Entender qual é o conhecimento original e quais são as copias mal feitas.

Entender que nas novidades e a tecnologia não são ruins, desde que não se perca a raiz, a essência.

Respeitar os que nos trouxeram até aqui, para que um dia possamos ser respeitados pelos que virão. Assim teremos história, e os próximos terão o que contar.

Respeitar a autoria dos trabalhos teológicos e doutrinários, escritos e falados.

Respeitar sua história, seu formador, os terreiros pelos quais passou.

Que os novos umbandistas possam ter exemplos bons dos seus dirigentes, e que esses possam ser verdadeiros e ter o que contar, para que assim, a Umbanda se fortaleça cada vez mais.

Quando falta conhecimento, sobra opinião, e opinião sem fundamento é como notícia falsa…

Aliados o conhecimento e a opinião fundamentada nesse, aí sim são “fundamento”.

Hoje não escrevi sobre ervas como sempre, deu vontade de escrever essas palavras sobre Umbanda e sobre nosso momento. Vejo muita gente boa trabalhando para a estabilidade da religião, e vejo também muita gente brincando com o conhecimento/opinião e brincando com a boa fé das pessoas que buscam nossa Umbanda.

Acordemos guerreiros encarnados, guardiões humanos do conhecimento da nossa amada Umbanda! Nossas melhores armas são o bom senso e o exemplo.

Que assim seja e se realize, pois esse é o desejo do nosso Divino Criador e de nossos Pais e Mães Orixás.

 

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