O assunto “banhos de ervas” é um ponto comum nos meios místicos e de religiosidade natural.
Seja na Umbanda, Candomblé, Xamanismo, Catimbó, etc., os preparos para banhos com funções de limpeza, equilíbrio, cura e centenas de outras, são praticamente uma regra.
Mas vamos observar com frieza, vivemos cada dia mais agitados, com menos tempo. Muitos vão direto das suas casas para os terreiros e grupos de trabalho. Quanta gente trabalha o dia inteiro, estuda e chega tarde em casa, querendo descansar porque no dia seguinte tem toda uma rotina novamente.
Pois é. Esse é um dos nossos desafios, manter uma regra tradicional nos nossos meios e mostrar como pode ser simples, prático e rápido um preparo de banho de ervas.
Centenas de perguntas são feitas sobre esse assunto e vamos escolher algumas aqui para levar alguma luz a esse assunto. Não levaremos em consideração nessa matéria os assuntos ritualísticos, como ativação, rezas, banhos na cabeça, mas sim os aspectos práticos dos preparos.
1 – Qual a melhor maneira de preparar um banho de ervas?
Resposta do Erveiro – Dentro das várias formas de preparo, destacamos a maceração fria (forma de nome popular que damos ao ato de quinar as ervas na água fria); a infusão em água quente; a decocção ou fervura.
Maceração ou quinagem: Usamos basicamente para ervas frescas. Separar as folhas, talos, flores, enfim, partes moles das ervas, num recipiente próprio para isso, uma bacia ou tigela, de metal, alumínio, vidro ou o que você tiver a mão.
Depois do material selecionado, adicionar um pouco de água fria potável (mineral ou torneiral mesmo), e com as mãos amassar as ervas, esfregando umas nas outras, apertando para sair o sumo. A água vai ficando escura, esverdeada e até marrom, dependendo das ervas utilizadas. Vá acrescentando água para extrair o máximo que puder de material das ervas.
Deve-se usar o bom senso para saber quando está bom. As ervas bem amassadas e o caldo bem consistente. Deixe esse preparo descansar por no mínimo 10 minutos. Para um banho individual, pelo menos meio litro deve-se aproveitar desse processo.
Coe numa peneira, coloque esse conteúdo num recipiente que pode ser um balde pequeno por exemplo. Na hora do banho, complete com água do chuveiro para que fique na temperatura mais agradável para você.
Infusão: Um dos processos mais comuns de preparo de banho. Usado para ervas frescas, secas (aquelas compradas em saquinhos), exceto partes duras como cascas, sementes e cipós.
Coloque água para esquentar numa panela, leiteira ou chaleira, de acordo com sua preferência e disponibilidade de utensílio. A temperatura ideal é quando a água chia, ou quando começa a levantar “bolinhas” de ar. Nesse ponto a água está quente, nem morna e nem fervendo.
Com as ervas já num recipiente como citado acima, derrame a água, cubra com tampa, pano ou algo adequado, e deixe assim por pelo menos vinte minutos.
Repita o processo, coe, coloque num balde e complete com água do chuveiro na hora do banho.
Fervura ou decocção: Usado principalmente para parte duras das ervas, e ervas secas. Coloque os materiais numa panela com água e leve ao fogo até atingir a fervura. Deixe assim fervendo por uns cinco minutos, desligue e mantenha abafado por mais uns dez minutos. Coe e use o mesmo procedimento utilizado nos outros processos.
Nota – no caso de uso misto, de ervas frescas, secas, partes moles e duras, podemos aliar os processos. Quinar as ervas frescas, acrescentar as secas, ferver as cascas e raízes, e com essa fervura, preparar por infusão, mesmo as ervas já quinadas.
2 – É necessário esperar o banho secar na pele naturalmente, ou posso me enxugar?
Resposta do Erveiro – Esse tema por mais polemico que possa parecer tem uma resposta bem prática: depende!
Depende de onde você está! Isso mesmo, imagine que você está no calor do verão carioca, uns 40 graus na sombra, você pode tranquilamente tomar seu banho frio (isso seria outra pergunta, mas vamos elucidar aqui também), e deixar secar na pele, naturalmente.
Mas vamos levar em consideração que banho é para todos. Como vamos pedir para um gaúcho, um catarinense, e mesmo nós aqui no Sudeste, que durante o inverno, tomemos banho de ervas e deixemos secar naturalmente.
Banho, assim como outros procedimentos, deve ser um processo agradável, que traz paz, tranqüilidade, coisas boas mesmo, e não que te coloca a mercê de ficar doente. E não me venha com a estória que tem que confiar, que o guia não deixa nada acontecer, etc., etc., etc.… é nossa responsabilidade cuidar da parte material, do nosso físico e integridade, portanto, se colocar vulnerável é opção pessoal.
Sem entrar na questão ritualística, podemos após tomar o banho de ervas, respirar profundamente por sete vezes (profundo mesmo), colocando foco no propósito do banho, agradecer e borá lá, se enxugar numa toalha bem sequinha!
Essas duas questões podem parecer muito básicas para muita gente, mas são as principais duvidas que respondemos nos nossos canais. E vale aos sacerdotes dirigentes orientar da melhor forma, com coerência e competência, e oferecer o melhor aos seus.
Vale estudar, aprender, de forma simples e objetiva, e se houver dogmas, mitos e formas folclóricas, que sejam explicadas. Não aceitamos “porque sim, porque não”. Não aceitamos mais, “ah, o guia mandou eu faço”.
Há de se colocar coerência e competência em tudo que fazemos. Estudar é preciso, é gostoso e dá segurança e tranqüilidade. Fazer com conhecimento de causa é muito bom!
É isso, mês que vem tem mais!
Bênçãos de Mamãe Natureza em nossas vidas!
Adriano Camargo Erveiro Sacerdote dirigente do Templo Escola de Umbanda Ventos de Aruanda, em São Bernardo do Campo. Desde o ano 2000 divulga de forma simples e objetiva, o conhecimento das ervas, banhos, defumações e benzimentos. adriano@ervasdajurema.com.br www.erveiro.com.br www.ventosdearuanda.com.br
Sensacional
Adorei o post! Muito obrigada pelas informações claras. Axé!