Pensemos em Deus como uma presença, energia primeva, que não teve início e nem terá fim.
Ele traz em si toda a perfeição e plenitude, em níveis impensáveis a nossos imperfeitos padrões.
Esta força divina criadora, para nós, Pai Olorum – o “Senhor do Alto”, impenetrável em Seu Íntimo, emanou-se em infinitas centelhas vivas, cuja jornada consiste na vivência das mais variadas experiências.
Emanadas da pureza absoluta, determinadas centelhas, escolhem evoluir através da dualidade; escolhendo entre o bem e o mal, o sim e o não, a Luz ou a não-Luz – este é o caso dos seres humanos.
O grande problema é que, ao escolher vivenciar a dualidade, a centelha se esquece da sua verdadeira origem – a divina.
Muitas religiões, cujo termo comumente aceito significa “religar”, pela sede de poder, controle sobre os fiéis e todos os benefícios que advém desse poder. Ao invés de aproximar as pessoas/centelhas de Deus, fizeram no passado, e continuam fazendo, exatamente o contrário.
Incutiram na mente dos homens que Deus está fora, separando criador e criatura, e a centelha passou a acreditar que o objetivo de estar encarnado neste planeta é passar pela dor e pelo sofrimento.
Assim, o Todo, origem de tudo o que é criado, passou a representar o punidor, alguém que observa de fora cada um de nós, pronto a dar o terrível veredicto ao menor erro, afinal, somos imperfeitos e insignificantes…
Se fomos emanados, não existe separação. Quando o Mestre Jesus esteve na Terra, foi dito: vós sois deuses!
E realmente somos. Dentro de nosso Ori, de nosso mental, permanece incólume a centelha divina. Ela não se corrompe, não muda, não se perde.
Ela não está sujeita ao tempo, nem à inconstância das emoções, tampouco à jornada da alma nas sucessivas encarnações… Ela continua sendo una com sua fonte.
A ilusão da separação é semelhante ao sono. As pessoas nascem, crescem, morrem, encarnam novamente, e seguem como se isto fosse tudo o que existe.
O ego que recobre a centelha não quer o ser desperte, pois se isso acontecer, ele, o ego, deixa de existir.
O ego gosta da materialidade, da superficialidade, ele está no comando enquanto o ser “dorme”.
O ego gosta de celular, videogame, compras, carros, mansões e festas, pois essas coisas impedem o despertar.
O ego gosta de religião e não de religiosidade, principalmente das religiões mentalistas, que separam Deus da natureza e do próprio homem, colocando líderes religiosos no lugar Dele, e Ele num patamar inalcançável…
O ego gosta da paixão e dos relacionamentos superficiais, mas tem medo do amor verdadeiro, porque esse nos aproxima de Deus.
O ego adora orações decoradas, rituais padronizados e dogmas, mas tem medo das palavras que saem do coração, da forma mais simples, da única vela acesa que realiza milagres e da liberdade de procurar a Deus onde bem quisermos.
O ego morre de medo de quem pensa pela própria cabeça, estuda, busca o conhecimento e toma nas mãos as rédeas da própria evolução.
Ele gosta dos que se deixam ser conduzidos sem questionar, que acham que pobreza é sinal de humildade, enquanto seus líderes enriquecem às suas custas.
Quanto mais profundo o sono, melhor para o ego, e não só para ele. Existem seres que se alimentam dos nossos medos, das nossas dúvidas, da nossa baixa estima, da nossa culpa.
Mas a centelha não está só! Os trabalhadores da Luz, presentes nas religiões e também fora delas, formados por espíritos das mais variadas procedências, da Terra e de fora dela, se empenham para que que haja o despertar do maior número possível de pessoas, pois esta é a única forma da centelha ser lembrada.
Quando isto acontece, já não há mais o “eu”. Não há mais você ou ele. Só há o Um.
O “Eu Sou” é compreendido e ama, da mesma forma Daquele que o emanou.
Esse “Eu” é parte da natureza, se vê se reconhece em todas as pessoas, pois sabe que cada centelha é ele mesmo.
Para terminar, uma frase perfeita da Grande Fraternidade Branca: se não puder amar determinada pessoa, ame a centelha que existe nela.
E lembrem-se: nós somos deuses, e podemos tudo, Axé!
Por Mãe Valéria Siqueira
Terreiro de Umbanda Pai Oxóssi,Caboclo 7 Flechas e Mestre Zé Pilintra
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