O Caboclo das 7 Encruzilhadas nos deixou o mais importante fundamento da Umbanda: “ A Umbanda é a manifestação do espírito para a prática da caridade.”
Mas, o que é verdadeiramente a caridade?
Segundo o Espiritismo, é o exercício do verdadeiro amor (puro, incondicional, sem interesse de qualquer recompensa) e ao mesmo tempo um dever de cada individuo para com os demais, em todas as circunstancias. É portanto, uma ação (a prática do sentimento de amor)efetiva, que indo além da interpretação que comumente se lhe atribui, na qual seu escopo se restringe à benevolência material ou ao sentimento de piedade em favor de alguém que esteja em situação de inferioridade em relação àquele que o pratica.
Então, quando vestirmos nosso branco e colocarmos nossas guias já estamos praticando a caridade? Perante a espiritualidade atuamos na parte caritativa por permitirmos que os guias espirituais façam seus tratamentos, passes, aconselhamentos, somente porque estão utilizando nosso corpo físico?
A caridade se inicia no nosso seio familiar. Ela é ensinada. E quando aprendemos a dádiva da caridade no âmbito familiar, nos tornamos pessoas melhores.
Sempre tive o exemplo da caridade. Meu avô me deu o maior ensinamento: pratique a caridade. E nunca foi um ensinamento com fundamentos e teorias. Foi o ensinamento do exemplo de quem faz. De quem sempre recebeu todos com carinho e respeito. Que quem mais passa por dificuldades nem sempre é o que precisa de sua ajuda.
O Projeto Social Força Divina, nasceu dentro do Templo da Luz Divina de Ogum, dirigido pelo Pai Alex Oliveira. Nosso projeto já tem 12 anos auxiliando várias entidades asilos, abrigos, famílias e moradores em situação de rua.
Há 6 anos iniciamos o projeto de entregas de marmitas aos irmãos em condição de rua. Somos gratos primeiramente a Olorum, por nos proporcionarmos essa dádiva! Somos gratos a cada doação que recebemos! Somos gratos por cada sorriso que recebemos dos nossos irmãos!
Sim, são nossos irmãos, somos todos irmãos!
Esta tarefa não é fácil. Não pelos nossos irmãos. É difícil pelos comentários infelizes de pessoas que são incapazes de olhar o outro como irmão. É difícil lidar com o egoísmo do ser humano. É difícil a arrogância, o orgulho. Nossos irmãos em condição de rua, me ensinam há 6 anos o que é cumplicidade, o que é apoio, o que é o bem querer, o que é auxilio, o que é pensar no outro. Com eles aprendi muitas coisas, e tenho muito orgulho de dizer isso!
Como o nosso trabalho de cestas básicas, onde atendemos 145 famílias, aprendi que mesmo com pouco nós temos a capacidade de dividir, de se apoiar, de sermos honestos e agradecer pelo que receberam e pedir pra ajudar outra família pois não precisam mais.
Fez-se necessário um vírus para unir novamente o ser humano; fez necessário um vírus para olharmos nos outros do outro; fez-se necessário um vírus para demonstrarmos o nosso amor; fez-se necessário um vírus para olharmos novamente para nossa família; fez-se necessário um vírus para nos lembrarmos que a caridade começa no intimo dos nossos lares.
Axé, Motumbá, Amém, Namastê!